terça-feira, 24 de março de 2015

Em ti...


"Despovo - o o tempo sob uma imensa vastidão...
Encontro - me nela, na sombra da sua secreta cicatriz,
e reconheço - me numa ténue, quase inaudível respiração.
Somos o mundo num instante,
somos a maré, vasta, quase imensa em si.
Não entendo o reconhecimento que nela existe. Porém,
da vida tiro o não entendimentos das coisas.
Assim, do nada encontro paz, em ti a palavra amor,
em nós o tempo imóvel, um fito de inquietude feliz e serena.
Da palavra, do audível, sonho contigo! Quero – te em mim,
Somo – te a mim. "

2/9/2014
Tondela

domingo, 22 de setembro de 2013


Quando olho a desolação humana, o desencanto da carne… fico pasmada e o abismo interioriza – se como configuração espontânea. Ao olhar o espelho vejo o que nunca quis ver, o corpo vendido ao desacato mundano, extenuado, cansado e doente. O sangue escorre, as feridas vão – se acumulando, entre cortes profundos e difíceis de sarar e pequenos traços sangrentos, depois a alma queda, o rumo joga – se ao desalento, e tudo se transforma, tudo se entreve através da imprevisibilidade dos afetos.
Quando choro não choro. Todos os dias o faço, é uma espécie de rotina que me permitirá validar a minha existência, pois sem isso seria incompreensível permanecer. Esquecer, quero esquecer as noites frias, o adeus de ontem, o não de hoje.  Dispo – te com a cobardia do meu olhar, enfrento – te com a coragem dos meus actos, no entanto, morro entre os teus braços. Fico imobilizada num doce embalo nocturno.
Cerca – me a beleza eterna do fazer em liberdade, cerca – me a beleza dos homens na sua procura de satisfação, cerca – me a finitude de um gesto magnifico. Perco o olhar na partitura do quotidiano e por entre notas e pausas não me apercebo da minha degradação contínua, da exposição do meu corpo à fieldade envolvente, ao podre que é a superfície. Falta – me a coragem para viver em paz, nessa paz que anseio. Falta – me… fizeste – me falta. Agora durmo sozinha na desordem numérica dos dias que em que terei de viver ainda. Esgotam – se as hipóteses de ser o animal imputável, dividido entre o silencio e um pretérito imperfeito falível.
Parece não haver esperança nestas palavras, no entanto, são o evidente grito de revolta. Será através delas que o fio conduzirá ao mais próximo do que posso chamar felicidade. Em última instância morro, desapareço de vez. 

domingo, 31 de março de 2013


Um enlace de expectativa desmedida, cortar o vento em direcção ao movimento contrário da nossa memória. Não ter medo, encontrar o segredo para a cogitação perfeita do meu ser, para que a existência não se faça apenas ao acaso, mas sim por motivo digno…
Quero que as palavras saiam da minha boca como penas e não mais carregar o seu peso, sem ensejo que seja desmedido, com o entusiasmo da idade que me cabe. Quero poder gritar, ainda que em surdina, o que bem entender. Liberdade única, esta, a de mover o mundo em dois dedos, apenas tocando – te, apenas deslizando a mão sob a tua carne, sensação que perdura pelo contorno da respiração inóspita… calor, pequenos gemidos, turbulência interior, agitação, corpos, as mãos, os braços, as minhas pernas sobre as tuas, lábios suculentos, sedentos de vida, um húmido clamor entre gesto e toque…
 Serão cartas? Serão diários? Serão prosa ou textos desconexos, corridos, no entanto, fragmentados, tal como o pensamento de quem os pensa e expõe? Não sei… apenas sei que são uma vontade incontrolável de contornar a maré de compressão, esta estupida catapulta que me lança ao quase desespero, a uma impossibilidade de amar; sob a sombra de uma desmesura espessa, encorpada, bem capaz de criar raízes.
Eu quero, eu quero, eu quero – te. Jurei não mais cair sob o peso obscuro de uma paixão assoladora, uma paixão inerte, sem pernas, uma paixão fraca em mover – se, em existir. Não quero mais ter de lembrar a chama de um inferno tentador, no entanto, mesquinho, sombrio… cair na contemplação, apenas olhando o outro, apenas visível ao cair no sono embevecido, no sonho realista mas falso. Desta vez não esperarei, irei, se não der não deu, se ficar pasmada, especada à espera não mais me perdoarei… fogo, treva, cinza…
Escrevo agora por vontade tua, não minha. Devolveste – me este privilégio e quero, profundamente, agradecer – to. A cintilante paixão crepita, uma vaga de nuvens preenche o vazio e traduz a coerência do desejo, ai como te desejo. No mais profundo silêncio estabeleço – me, fixo – me, sob a terra sinto os pés, finalmente, a pousar. Conseguirei dizer – te através de um simples olhar a vontade que trespassa as paredes desta minha inquieta existência, o soalho deste meu rosto ainda jovem, ainda perdido na vastidão dos imensos e assustadores olhares em redor? Como conseguirei eu? A única resposta que anseio é esta, mais do que uma palavra de permissão, mais do que um sorriso doce, quero tanto mas tanto sentir – te e poder dizer – to. Quero efectivar esta vontade, quero que seja não mais um sonho, ou uma promessa mas a concretização de uma vontade tão simples e bela como esta, a de te ter sob meus braços e de partilhar o desejo e a virilidade do meu corpo aceso, fervoroso, pronto para o deleite tentador de noites infindáveis de sexo, de troca e partilha de pequenas palavras, entre sons e respirações aceleradas e compressão do ar para que possamos escutar a sua falta no mais prazeroso dos lugares da terra.     

Suuns - Music won't save you

Assim, sem palavras!!!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Canto do amanhecer


Depressa, depressa que mais rápida é a memória que um cântico feito em ti. Toco para ti. Ouço o acontecer enquanto a noite apoia a voz que embala na escuridão o teu acto, a carícia que no meu rosto assenta e em lágrimas se expõe. Depressa que não mais pode o tempo fugir, já nos perdoou em demasia as faltas que fingimos não cometer…a passos largos nos persegue, depressa, depressa, não corras, sorri que nele está o segredo da fuga perfeita. O crime foi escondido mas no silêncio se ocultam as palavras que incriminam o servo: tu que só a mim deves o continuar dos teu dias em ânsia menos feita pelo desajeito. Não queiras extrapolar o que te compete. Depressa, foge que eu me precipito em passos a largo caminho para te apanhar, não esperes por quem não se fez justo para com o teu amor. Ama – me mas não me esperes, por favor.

A camponesa assassinada! O coveiro que o diga! Ontem soube que as pernas da mulher não foram o bastante para lutar contra a ira desmedida do homem que a quis ter para sempre nos seus braços. Eterna melodia concedida pela vontade de vislumbrar o olhar atento, fixo no momento que esperava ser eterno. A mulher morta nos seus braços. A camponesa vadia que com mãos aço (o trabalho árduo assim as queria) comandava as tropas. As armas eram suas e de mais ninguém. A mulher camponesa. Vil momento que por entre os dedos se perdeu, pois não durara para sempre.

Depressa meu amor. Foge. Vai para além das fronteiras que quebram o nosso amor. Vai depressa, olha que te esperam. Aqui só infortúnios te abraçarão, não os meus braços, não penses, eles não abraçam. São lâminas.

Depressa! Assim me ajeito para não ter de olhar a desgraça. Que acto este tão ignóbil. Que pressa a minha em te ver partir. Adeus meu amor. Aqui te não espero. O amanhã para sempre será o nunca que não poderás perdoar. Contigo irei ter. Adeus meu amor.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Como há momentos deliciosos...

Na sala de aula com trinta colegas. O ambiente é descontraído, a preocupação transforma - se em ocupação. Não importa o que os outros pensam, há espaço para errar como em nenhum outro local, há vida, há esforço e empenho, há vontade de exprimir uma qualquer coisa, seja ela qual for. Há surpresas ou não, mas acima de tudo há união e companheirismo, um querer geral de que tudo corra bem para todos. Não há pretensões. Para mim como trabalho ganhei porque me despreocupei e me ocupei naquilo que naquele momento decidi fazer, isto só se me apetecesse fazer, há liberdade, hipótese de escolha e eu sou uma selvagem, NÃO QUERO QUE NINGUÉM ME OBRIGUE A NADA NEM MESMO EU, E ESSA É A MINHA MAIOR LUTA: SABER COMO E QUANDO DESISTIR E DECIDIR O QUE QUERO SEM PENSAR EM DEMASIA, NÃO TER MEDO DE ERRAR E DE SER JULGADA.
Partilho aqui a minha felicidade pela beleza daquele momento!

sábado, 15 de maio de 2010

Fim de Linha


Já foi há muito tempo. Mas para mim representou uma época muito especial. Tudo girava à volta de um circulo perfeito. A felicidade parecia ser infinita, parecia que a partir desses dias nada mais me poderia abalar. Foi , de facto, uma sucessão de bons acontecimentos, que hoje recordo com melancolia e espero que noutro tempo e espaço se repitam.
Fim de Linha - por ironia correspondeu a um findar de algo, de um ciclo da minha vida e de muitos outros ao pé de mim e deste título.
SAUDADE!
MEMÓRIAS FELIZES PARA TODO O SEMPRE!